Recebi o Diagnóstico Transtorno de Personalidade Borderline, E Agora?

Receber um diagnóstico relacionado à saúde mental pode gerar medo e muitas dúvidas, principalmente quando se trata de algo tão específico quanto o Transtorno de Personalidade Borderline (TPB). É muito comum, por exemplo, chegar ao meu consultório um paciente assustado porque acabou de descobrir que possui este transtorno.

No entanto, há uma boa notícia: embora você tenha passado por diversos altos e baixos em sua vida, ao procurar psicoterapia com um profissional especializado, perceberá que existe tratamento eficaz e que é possível alcançar até mesmo a remissão parcial dos sintomas. Mas, para chegar lá, você precisará percorrer um caminho importante, que envolve conhecer e desmistificar o Borderline, compreendendo melhor seus sintomas e aprendendo a manejar suas emoções e comportamentos.

Meu nome é Roberta Sanzi, sou psicóloga clínica (CRP 07/13531) e estou aqui para te ajudar a percorrer este caminho com segurança e acolhimento!

Tenho Transtorno de Personalidade Borderline: Primeiros passos

Se você recebeu recentemente o diagnóstico de transtorno de personalidade do tipo borderline, talvez a primeira pergunta que lhe venha à mente seja: “o que é exatamente um transtorno?”

O que é um transtorno? 

Na psicologia, chamamos de transtorno um conjunto de sintomas relacionados às emoções, comportamentos e cognições que geram sofrimento ou prejuízos significativos em diversas áreas da vida. Em outras palavras, isso ocorre quando alguém apresenta múltiplos traços desadaptativos simultaneamente bastante evidentes e rígidos, interferindo nos relacionamentos interpessoais, trabalho e vida cotidiana. Por essa razão, muitos pacientes buscam o auxílio de psicólogos ou psiquiatras.

Outra pergunta frequente está relacionada à possibilidade de cura. 

Afinal, Transtorno de Personalidade Borderline tem Cura?

Na verdade, Borderline, assim como todos os transtornos mentais, não possui uma causa específica determinada nem uma cura propriamente dita. Em vez disso, falamos sobre tratamento e a remissão dos sintomas.

Como é feito o Diagnóstico do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)?

O TPB possui nove critérios possíveis segundo o DSM-IV, dos quais você não precisa apresentar todos, mas é necessário cumprir cinco ou mais deles. Contudo, é fundamental destacar que não basta apenas ler e se identificar com os critérios. É imprescindível buscar a ajuda de um psicólogo ou psiquiatra para realizar corretamente esse diagnóstico.

Sintomas do Transtorno de Personalidade Borderline (TPB)?

Entre os sintomas do TPB estão grandes desafios, principalmente relacionados aos relacionamentos interpessoais, caracterizados pela intensidade e instabilidade. Essa instabilidade manifesta-se pela alternância entre idealização extrema e desvalorização intensa da outra pessoa. Em um dia, a pessoa borderline pode amar profundamente alguém e, no outro, demonstrar ódio ou rejeição absoluta. Essas mudanças são repentinas e podem ser desencadeadas por pequenos eventos, que adquirem grandes proporções na visão de quem possui o transtorno.

Além disso, outro desafio significativo é a instabilidade emocional, que repercute diretamente nas relações interpessoais, muitas vezes desencadeada por eventos estressantes do dia a dia, levando à irritabilidade, ansiedade intensa ou desespero.

Um sintoma marcante do Borderline é também o sentimento crônico de vazio, descrito pelos pacientes como uma sensação constante de incompletude. Essa percepção intensifica-se especialmente em momentos de solidão, o que ajuda a explicar por que a pessoa borderline frequentemente sente necessidade intensa de companhia e proximidade com os outros.

Esses são apenas alguns dos sintomas relacionados ao TPB, mas é importante reforçar que o tratamento é necessário independentemente do número de sintomas apresentados. Quando falamos em transtorno, o lema é claro: se há sofrimento, existe a necessidade de tratamento.

Como funciona o tratamento para TPB – Borderline?

O principal foco do tratamento é o bem-estar do paciente, independentemente de se tratar de transtorno, traços isolados ou mesmo uma pessoa sem diagnóstico específico. Atualmente, sabe-se que, com o tratamento adequado, é possível conviver com o diagnóstico de Borderline com equilíbrio e saúde. Inclusive, o prognóstico desse transtorno é um dos mais promissores entre todos os transtornos de personalidade existentes.  Um dos estudos mais citados sobre o tema aponta que, dentro de 10 anos de tratamento, 88% dos pacientes apresentaram remissão sintomática (Zanini et al, 2003).